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Entrevista Gazeta do Povo: saiba como evitar a sensação de ouvido tampado em viagens de avião

Entrevista Gazeta do Povo: saiba como evitar a sensação de ouvido tampado em viagens de avião

Em entrevista à Gazeta do Povo, o otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Guilherme Trevizan, explicou por que sentimos aquela incômoda sensação de ouvido tampado quando viajamos de avião ou quando estamos em regiões de serra. Ele também explicou um método simples que pode solucionar o problema.

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*Por SANDRAH GUIMARÃES, ESPECIAL PARA GAZETA DO POVO

Um movimento simples pode resolver um problema comum em voos, viagens a regiões de serra e atividades dentro da água. A manobra de fechar a boca, apertar o nariz e forçar a saída de ar para equilibrar a pressão nos ouvidos é chamada de Método de Valsalva e é indicada para os momentos em que o ouvido simplesmente “entope”. A única recomendação é ir com calma e não forçar demais a saída do ar com o nariz tampado para não piorar a dor. O entupimento do ouvido costuma durar apenas alguns minutos e passar naturalmente, mas a sensação não é nada agradável.

O médico otorrinolaringologista, Guilherme Trevizan, recomenda a manobra e explica as causas do ouvido “tampar” em mudanças de altitude:

“A nossa pressão normal no ambiente, no nível do mar, é de uma atmosfera, e a medida que o avião sobe, passa por uma coluna de ar e vai reduzindo essa pressão. No pouso, novamente passa por uma grande coluna de ar e a pressão volta a uma atmosfera. Já no mergulho no mar, a variação de pressão é muito maior. Cada dez metros corresponde a uma atmosfera. O ouvido fica muito mais sensível e há risco de lesão em mergulhadores inexperientes. Já na subida ou descida de regiões de serra feitas de carro, essa mudança é gradativa e não costuma a causar danos à saúde.”

Crianças e bebês sofrem mais a mudança de pressão, por isso especialistas indicam oferecer gomas de mascar e balas mastigáveis para aliviar o desconforto. No caso dos bebês, a mamadeira ou a amamentação no seio são bem vindas. Já as crianças maiores podem ser orientadas a fazer a Manobra de Valsalva ou mesmo bocejar, o que também pode ajudar a aliviar o entupimento do ouvido.

Quando o sintoma não desaparece
Mas quando o problema persiste e é acompanhado de dor, coceira ou tontura, pode indicar um problema de saúde que precisa de tratamento. As infecções de ouvido podem causar a sensação de entupimento e uma deficiência na audição, por causa da inflamação no canal auditivo que dificulta a passagem dos sons.

A otite, ou inflamação de ouvido, pode vir acompanhada de febre, coceira e até vazamento de líquido do ouvido. Pode acontecer em qualquer idade, mas é bem comum em crianças. Pegar um avião já com a inflamação instalada pode causar dores intensas:

“Assim como no mergulho, não é recomendado pegar avião com otite, gripe, sinusite e nariz entupido. O tubo auditivo, canal que liga o ouvido com o nariz, é estreito e se estiver bloqueado o organismo não consegue compensar a pressão interna com o meio exterior. Existe o risco de causar rompimento da membrana do tímpano, ou causar uma surdez temporária. Esse tipo de lesão, causada pela variação da pressão atmosférica, é chamada de barotrauma”, explica o otorrinolaringologista Guilherme Trevizan.

Além disso, é preciso observar outras causas do “entupimento” no ouvido. O canal auditivo tem glândulas sebáceas responsáveis por produzir a cera, ou cerume. Esse material funciona como uma barreira natural contra entrada de bactérias, micro-organismos e sujeira, portanto, a produção excessiva de cera também pode causar a sensação de ouvido tampado. Mas especialistas não recomendam o uso de hastes flexíveis, já que esses produtos podem agravar o problema.

Outro problema que pode ter como sintoma o entupimento no ouvido é a labirintite, que além de tonturas, também pode causar perda auditiva e zumbidos. Caso haja qualquer um desses sintomas e se a situação de ouvido tampado persistir é recomendado procurar um otorrinolaringologista para exame clínico e audiométrico. A avaliação e o diagnóstico costumam ser feitos no próprio consultório médico.”

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Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke – CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia