Criança com problema na fala merece atenção; saiba quando procurar ajuda
Seu filho tem problemas na fala e é difícil entender o que ele tenta pronunciar? Outras crianças com a mesma idade já falam mais palavras e conseguem se expressar melhor?
Essa demora para desenvolver a comunicação requer atenção e talvez seja o momento de procurar ajuda de um profissional.
Segundo a fonoaudióloga, mestre e doutora do Hospital Otorrinos Curitiba, Carla Maffei, a falta de estímulo ambiental pode ser um entrave para o desenvolvimento.
“Se a criança entre 1 ano a 1 ano e meio consegue falar poucas palavras, já é o momento dos pais ficarem em alerta. A orientação é encaminhá-la para um fonoaudiólogo, que fará uma avaliação específica da linguagem, se inteirando sobre a dinâmica de comunicação da família. Muitas vezes, o agente causador é a falta de estímulo dos pais em incentivar a criança a pronunciar as palavras. Aos 2 anos, por exemplo, a criança já precisa estar articulando frases intencionais e o vocabulário deve estar bem desenvolvido”, orienta a especialista.
Diferentes fases na fala da criança
Com relação ao desenvolvimento da comunicação da criança, utiliza-se uma escala do desenvolvimento da fala e linguagem para comparar a idade cronológica à idade de fala.
De 0 a 1 ano, a criança se comunica normalmente pelo choro, sorriso e pela linguagem corporal. É comum e esperado que ela passe pela fase do balbucio, que são repetições de sílabas prolongadas. Ela utiliza consoantes, principalmente as bilabiais (que têm o som formado pelo encontro dos lábios: p/, /b/, /m/.), emitindo sílabas, então formando as primeiras palavras, como mamãe e papai.
Dos 2 aos 4 anos, o desenvolvimento da fala atinge um pico muito grande, pois a criança também desenvolve as questões léxicas, com a organização dos elementos frasais (sujeito, verbo e objeto), desde que bem estimulada.
“Nesta fase a criança está estruturando toda a linguagem interior. Chega a ter cerca de 400 palavras adquiridas, é capaz de articular pequenas narrativas, consegue demonstrar o que pensa e sente. A gente espera que com 3 anos e meio, em média, ela esteja articulando bem todos os fonemas do português falado no Brasil. Também esperamos ainda 6 meses até a criança completar 4 anos, porque cada criança tem um tempo diferente para a maturação neurológica, para que ela possa ter uma fala completamente correta. A preocupação na linguagem e fala correta até os 4 anos é justamente pelo período de pré-alfabetização”, explica a Dra.Carla.
Dos 4 aos 6 anos, o vocabulário chega a atingir cerca de 3 mil palavras. As narrativas são mais longas e complexas, e a criança consegue descrever situações com mais precisão e cronologia de fatos, além de ter uma organização melhor do léxico (organização das frases em sujeito, verbo e objeto), fazendo o emprego do tempo verbal de modo mais adequado.
Uso de eletrônicos deve ser controlado
Com a pandemia nos últimos dois anos e a rotina de aulas on-line, infelizmente o tempo de exposição a telas aumentou consideravelmente. Com o retorno às aulas presenciais, o ideal é que os pais controlem o uso dos eletrônicos fora do período escolar. Sem perceber, muitas crianças acabam acordando e dormindo em frente às telas.
“A exposição excessiva às telas faz com que a criança não receba a estimulação verbal adequada. A criança precisa escutar a fala para poder desenvolvê-la, além da necessidade de interagir com as pessoas. A orientação é reduzir o tempo em frente aos eletrônicos e instituir na família um momento de interação, com brincadeiras, contação de histórias, brinquedos que estimulem a parte visual e a auditiva, entre outros”, acrescenta Dra. Carla.
Segundo recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria, há alguns limites diários para a exposição a telas:
:: Menos de 2 anos: a exposição às telas deve ser evitada;
:: De 2 a 5 anos: no máximo 1h por dia com supervisão;
:: De 6 a 10 anos: de 1 ou 2h por dia com supervisão;
:: Maior de 11 anos: de 2 a 3h dia.
Fala infantilizada pode interferir no desenvolvimento da criança?
A grande maioria dos pais não conseguem resistir ao jeito meigo e doce das crianças, e aí acabam entrando no mundo infantil, principalmente com a maneira de falar – hábito mundialmente conhecido como “baby talk”.
Mas segundo a especialista, falar de forma infantilizada não é indicado, pois pode piorar a situação.
“Temos que conversar com uma criança como se ela fosse um adulto, usando a entonação normal, pois ela está se espelhando na fala do adulto para poder organizar o sistema dela, tanto em relação aos fonemas quanto em relação à parte léxica. Orientamos aos pais que ao conversar com a criança eles maximizem a articulação, que estejam sempre no nível da criança (para que ela veja a boca do adulto) e não utilizem apelidos ou recursos onomatopaicos para ensinar. Então, nada de ‘inho’, ‘piu piu’: é preciso dar o nome correto às coisas, falar corretamente como nós utilizamos no dia a dia. A criança com certeza vai se adaptar. Ela precisa desse contexto para desenvolver a fala de modo mais adequado”, finalizou a especialista.
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