242023out
Criança pode ter pressão alta?

Criança pode ter pressão alta?

Certamente você conhece alguém na família ou no trabalho que tem hipertensão – até porque a doença geralmente é associada aos adultos e no Brasil é mais comum a partir dos 60 anos. Mas será que as crianças também podem ter pressão alta e sofrer com essa doença crônica silenciosa?

Segundo a médica cardiologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Dra. Paula Cecília Rubini Barbosa, a hipertensão infantil existe e por raramente apresentar sintomas, acaba sendo uma surpresa para os pais durante uma consulta médica.

“A partir dos 3 anos é recomendado fazer a aferição da pressão arterial nas crianças. Em geral, o problema pode estar associado ao histórico familiar de pressão alta, obesidade e sobrepeso, ou também pode ser a manifestação de alguma condição, como por exemplo uma doença renal, cardíaca, pulmonar ou endócrina”, explica a especialista.

De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial elaboradas por sociedades médicas em 2020, a prevalência da pressão arterial elevada e da hipertensão arterial em crianças e adolescentes vem aumentando nos últimos anos. 

Segundo informações do Ministério da Saúde, a hipertensão causou quase 300 mil mortes nos últimos 10 anos no Brasil. 

Sintomas da pressão alta em crianças

A hipertensão arterial (HA) costuma ser uma doença silenciosa, sem sintomas. Mas é importante ficar atento a alguns sinais que podem indicar a doença nas crianças:

Dor de cabeça pode ser um dos sintomas da pressão alta.

:: dor de cabeça com frequência;

:: tontura com frequência;

:: falta de ar;

:: irritabilidade;

:: alterações no sono.

Fatores de risco

Considera-se a HA primária uma doença multifatorial, mas com forte componente genético. Estudos em famílias e em gêmeos demonstram uma herdabilidade de 30 a 50%. 

A Dra. Paula lembra que os fatores associados à pressão alta podem ter seu início na infância. Condições clínicas como prematuridade, baixo peso ao nascer, restrição de crescimento intrauterino, nefrouropatias, entre outras, podem estar associadas à hipertensão. 

Por isso a importância do cuidado com a saúde das crianças e dos adolescentes, levando em conta avaliação médica regular, boa alimentação e evitando o sedentarismo.

“Infelizmente a má alimentação, o sono irregular e o sedentarismo podem contribuir para a elevação da pressão arterial nas crianças. Falando em sedentarismo, o excesso de telas contribui para isso, pois acaba afastando as crianças de brincadeiras e de uma atividade física prazerosa”, lembra a cardiologista.

Outro ponto negativo é a alimentação ruim, com excesso de alimentos ultraprocessados e sem nutrientes adequados.

A má alimentação pode contribuir para a pressão alta nas crianças.

“É importante que a alimentação da criança seja equilibrada e suficiente, com a quantidade que atenda e respeite as necessidades dela. A orientação é fazer da alimentação saudável uma regra na rotina da criança, com incentivo dos pais e responsáveis”, acrescenta a Dra. Paula. 

Como controlar a hipertensão nas crianças

Manter hábitos saudáveis é a melhor maneira para evitar a pressão alta nas crianças. Na maioria dos casos não será necessário o uso de medicamentos. Confira algumas dicas práticas:

Crianças precisam brincar, fazer atividade física e ficar longe do sedentarismo.

– evite o sedentarismo e incentive a prática da atividade física e brincadeiras;

– limite o uso de telas durante o dia;

– reduza o consumo de alimentos industrializados;

– ofereça refeições ricas em fibras;

– incentive a criança a beber água e a manter-se sempre hidratada.

Importância da avaliação precoce

Como a famosa frase já fiz, é melhor prevenir do que remediar, e isso se aplica também em casos de crianças com pressão alta. 

A especialista lembra que uma vez detectado o problema na criança ou adolescente, é importante que o médico investigue se já há alguma doença associada que justifique essa elevação ou se é herança genética.

“Quando a hipertensão começa muito cedo e não é tratada, corre-se o risco de o paciente ter um AVC ou infarto de forma precoce. Por isso, é muito importante o acompanhamento contínuo”, finaliza a Dra. Paula.

Leia também:
:: É normal a criança ser rouca?


:: Apneia do sono nas crianças: saiba como identificar

Diretor Técnico do Hospital Otorrinos Curitiba: Dr. Ian Selonke – CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia